quinta-feira, 14 de abril de 2016

Considerações #5 - Sobre Scarlett Johansson ser a protagonista de Ghost in the Shell no cinema

Para os grandes fãs de cyberpunk e de Ghost in the Shell mais uma notícia sobre esse mangá gera sempre apreensão e entusiasmo. O mangá de volume único do autor Masamune Shirow conta a história de uma sociedade dos anos pós 2029. Essa nova era é marcada pelo uso de tecnologias avançadas como a possibilidade de fundir o cérebro humano a computadores.

A protagonista da série é Motoko Kusanagi, também chamada de Major, por ter feito parte das forças armadas. Dentro do universo de Ghost in the Shell, Motoko lidera as investigações das forças táticas da Seção 9, além de ter habilidades sobre-humanas por ser praticamente uma cyborg. Os únicos vestígios humanos de seu corpo são o cérebro e parte de sua medula espinhal.



Ghost in the Shell ganhou vários filmes em animação, além de uma adaptação para anime, uma continuação do mangá em 2002 (11 anos depois da publicação do primeiro mangá) e duas versões de jogos para Play Station. Tudo isso somado ao sucesso da série que sempre arrasta diversos fãs de histórias do gênero. Entretanto, apesar dos rumores de que o filme ganharia uma adaptação fílmica financiada pela Paramount Pictures, nada me deixou mais apreensiva do que ver a lista com os atores escalados para os papéis.

Por ser um universo distópico, sem muita ligação com a cultura tradicional japonesa, a facilidade de transportar a obra para outro país e fazer uma adaptação se torna possível, mas ainda é bem estranho aceitar de braços abertos a Scarlett Johansson no papel da Major. Não que ela seja uma péssima atriz, coisa que eu não acho, gosto muito dela, mas gente, pensa comigo: é um filme com personagens japoneses sendo interpretados por atores americanos falando inglês.



Talvez isso não seja um grande problema para a grande maioria das pessoas acostumadas a verem filmes americanos, mas para quem é fã da série e de cultura japonesa assistir a um filme tão esperado ouvindo o nome da Motoko e vendo a cara da Johansson gera um grande estranhamento. É não abrir oportunidades para atores japoneses atuarem. Vi muitos comentários por aí dizendo que atores japoneses estragariam o filme, como o exemplo da desastrosa adaptação de Attack on Titans. Já outros estão mais apreensivos ainda com o fracasso que esse filme venha a ter, usando como exemplo a adaptação de DragonBall (que dispensa comentários de tão ruim que foi).

De fato, a priori, para muitos aliás que desconhecem qualquer coisa de outra cultura, a escolha da Scarlett não interfirirá em nada. Aliás, será até bem recebida, porque muitos marmanjos estão loucos para saber se vai ter nudes no filme (porque o mais importante de Ghost in the Shell é ver a Motoko nua ¬¬). Mas para quem está habituado à cultura japonesa, pode ser algo mais indigesto. Falo por mim. Estou ansiosa para ver como vai ficar o filme? Sim, estou. Mas também preciso problematizar o até quando Hollywood fechará as portas para atores que fujam do estereótipo hollywoodiano de ser.



Quando estavam fazendo a escalação para o filme Memórias de uma Gueixa, se escolhessem qualquer atriz americana, ninguém aceitaria tal personagem. Afinal de contas, gueixas são japonesas e uma loira ocidental seria o cúmulo do cúmulo. Em contrapartida, quando um anime de grande sucesso tem a oportunidade de virar um filme de Hollywood, atores japoneses continuam de fora, pois eles só ganham papéis que só eles podem fazer, como o papel de uma gueixa, por exemplo.

Vi muita gente ficar feliz com a participação de um ator coreano no filme Maze Runner, mas não ficariam felizes se atores japoneses fizessem o papel de japoneses no filme de Ghost in the Shell. O que é isso? WTF?? Meus amores lind@s da tia, saca só, não podemos ficar mal acostumados a só engolir tudo o que vem dos EUA. Aceitamos calados os filmes deles, as músicas, os produtos, as HQs, os costumes, o estilo, enfim, uma gama de coisas. Praticamente, sei que muita gente odeia filme nacional pelo simples fato de ser made in Brazil. Não é errado gostar de filmes hollywoodianos ou de tudo que venha dos EUA, o problema é não saber dar valor ao que é nosso.



Kikuchi Rinko no filme Pacific Rim (2013)

Ghost in the Shell é uma obra japonesa, que tem personagens japoneses. Nada mais óbvio do que se os atores fossem japoneses. Gosto muito da Scarlett e acho muito importante representatividade feminina no cinema, mas também acho importante que outros atores, outras etnias também tenham as mesmas oportunidades. Não nos incomodamos em ver filmes americanos ruins, como toda aquela babaquice de American Pie, mas nem pestanejamos quando falamos mal de filme nacional. Aliás, existem filmes maravilhosos feitos no Brasil, por sinal. Mas sem fugir do assunto, o que quero dizer é que essa postagem é apenas uma opinião minha.

Vi a notícia do anúncio da Scarlett no papel da Motoko e senti a necessidade de falar sobre isso. Eu vejo filmes nacionais, franceses, italianos, sul-americanos, espanhóis, coreanos, japoneses, indianos, hollywoodianos etc. Mas uma coisa é eu assistir a vários filmes de nacionalidades diferentes, outra bem diferente é fazer de conta que o que é bom vem apenas de Hollywood. Vamos melhorar, né? E sim, eu continuo dizendo que a Motoko deveria ser interpretada por uma japonesa, como por exemplo, pela Kikuchi Rinko, que estava impecável em Pacific Rim (Círculo de Fogo, no Brasil), ao contrário do protagonista (vale comentar ainda que a Rinko estava ótima para um filme que nem ficou lá essas coisas...).

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