segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Enciclopédia Animangá - Sukeban, as Gangues Femininas Japonesas dos Anos 70

Yoooo, minna!! Fazia bastante tempo que eu não postava nada na seção Enciclopédia Animangá, mas enquanto eu pesquisava algumas coisas por aí, achei por acaso uma matéria sobre as Sukeban. Como nem todo mundo conhece ou sabe do que se trata, resolvi falar um pouco sobre essas gangues femininas que aterrorizaram o Japão nos anos 70.



Nos anos 70, o Japão vivia uma época de terror provocada pela Yakuza e pelas Sukeban. As Sukeban eram garotas colegiais que escondiam facas, lâminas e correntes nas longas saias do seifuku (uniforme do tipo marinheiro, muito comum nas escolas japonesas). O surgimento das Sukeban se deu, porque:

"Na yakuza, as mulheres não têm autoridade e quase não havia membros do sexo feminino. Gangues de garotas que tenham existido antes era uma raridade na cultura geralmente sexista dominada pelos homens no Japão", explica o escritor Jake Adelstein, especialista em crime japonês. "O mundo estava falando de feminismo e libertação, e talvez elas sentissem que as mulheres também tinham o direito de ser tão estúpidas, promíscuas, viciadas em adrenalina e violentas quanto seus colegas homens".

As Sukeban cometiam pequenos crimes, como roubos e furtos, além de brigarem com gangues rivais. Como em todo grupo, existia um severo código de honra, que servia muitas vezes para punir as companheiras que roubavam o namorado da outra, etc. Para esse tipo de transgressão, a punição era feita com queimaduras de cigarro, que também servia para punir quem desrespeitasse outra integrante acima na hierarquia do grupo. Apesar de probleminhas com roubar o namorado da outra ou desrespeitar alguma companheira, elas eram extremamente leais umas às outras, mantendo em comum o ódio pelo mundo e pelas pessoas  no geral.



A Professora Doutora Laura Miller, da Universidade do Missouri, nos Estados Unidos, na época em que morou em Osaka (durante o auge do surgimento das gangues femininas no Japão), disse que admirava as Sukeban por elas se rebelarem contra as normas de gênero e de feminilidade mainstream, ela ainda lembra de vê-las:

"Andando por diferentes distritos, logo ficou claro que elas vinham de bairros de classe trabalhadora. Parecia que a rebeldia delas estava ligada ao fato de que elas sabiam que nunca se tornariam princesas de escritório ou a esposa adorável de um rico salaryman (espécie de executivo engravatado japonês)".

Identificar uma Sukeban não era difícil. Como todo grupo da subcultura japonesa, elas também tinham seu estilo próprio. Usando os uniformes escolares, modificados dependendo do estilo da gangue, suas roupas não passavam do inocente seifuku. Apesar de utilizarem o seifuku costumizado, elas faziam questão de usar saias longas como uma forma de protestar contra a hipersexualização das adolescentes na época (o que - infelizmente - não é muito diferente de hoje), lenços de escoteira sob a gola marinheiro e tênis Converse. O visual ficava completo quando elas usavam patches, botons e algum tipo de arma (tacos de beisebol, correntes, facas, etc.).



Vale salientar que o estilo Sukeban tornou-se icônico, inspirando uma série de filmes Pinky Violence (gênero de filme que retrata, na maioria das vezes, gangues de mulheres) e alimentando o imaginário de vários outros escritores e cineastas. Os filmes eram produzidos visando o público adulto e abrindo caminho para mulheres violentas nas telas dos cinemas. O ponto positivo de retratar as Sukeban nas telas era evidenciar a solidariedade feminina, embora extremamente radical, esse tipo de sororidade era incomum e impensável para a época e mais ainda para a história do cinema. 

"Elas se tornaram a representação das dicotomias sociais, culturais e políticas que a sociedade japonesa estava experimentando na época", diz Alicia Kozna (autora de Pinky Violence: Shock, Awe and the Exploitation of Sexual Liberation). "Num nível mais amplo e universal, a ideia de mulheres 'se comportando mal' sempre foi atraente para o público, especialmente porque é um desafio à maneira como as mulheres são universalmente ensinadas a agir. Ver esse tipo de resistência ao que é esperado é emocionante para muitos e até catártico para alguns".

Um dos maiores legados das Sukeban foi o fato de elas espalharem mensagens de empoderamento ou de terror, dependendo da sua posição na sociedade japonesa da época. Apesar de esquecidas, visto que material sobre elas no Japão é extremamente difícil de encontrar, foram elas que abriram caminho para as gangues colegiais femininas atuais poderem existir e se manterem firmes e fortes. De certo modo, é graças às Sukeban que as punks Yanki e as motoqueiras Bousouzoku podem rodar "livremente" pelo Japão com toda a sua barulheira.



O apagamento das Sukeban não é um processo aleatório ou natural. A grande produção cultural sobre elas, desde filmes, animes, mangás e até material pornográfico, existiam aos milhões, entretanto, a escassez e a raridade de encontrar evidências sobre a existência delas só reforça o horror que muitos tinham/têm dessas garotas. Adolescentes da classe operária, em plenos anos 70, subvertendo a ordem e os costumes não era algo com o que a maioria das pessoas poderia se acostumar. Além disso, embora haja pontos negativos sobre elas, afinal, elas cometiam pequenos delitos dentre outras coisas, é válido salientar que elas representaram um dos movimentos femininos mais solidários entre mulheres que já existiu no Japão.

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